• 02.03.2011

Unexpected things

© Nucha Cardoso

Ou como medir a poética de um lugar

Este objecto que aqui se presentifica resulta de um percurso feito de lugares e de pessoas, receptáculos e tecidos de memórias. Viagem percorrendo uma cartografia externa palpável e mensurável, histórica e científica. Viagem, poética e afectiva, cruzando atlas impossíveis, onde se fundem três tempos — passado e futuro, suspensos pelo instante do presente.

Como leitmotiv, um lugar onde se mede o tempo — O Instituto Geofísico. Transmutado da sua função original em atelier de produções não objectivas. Espaço ambivalente, debatendo-se com as suas ruínas, despojos acumulados, espelhos de fantasmas e, em simultâneo, casulos vazios em estado de expectação.

Lugar, postado num cume, com vista para outros lugares, todos os céus, o rio de ouro, o mar. Olhando outros territórios e com eles estabelecendo teias: o Observatório do Monte da Virgem, onde se mede o mundo e o espaço; a minha casa, onde ordeno todos os retornos; a FBAUP, início da provocação consumada nesta exposição.

Este objecto fez-se, assim, em álbum de viagens, de anotações, de desenhos, de recolecções, a commonplace book, espaço de memórias para memória futura. Processo organizador, contrariando o definitivo, de um caos aleatório, de engramas despertados, de pequenas percepções, de associações inesperadas. Um modo de… Desnortear o que a ciência tenta nortear?